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Projeto WE CARE – SAEB

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Contextualização

Os transtornos por uso de substâncias (TUS) constituem um padrão patológico de comportamento em que os indivíduos continuam a usar uma substância a despeito da existência de problemas significativos relacionados ao seu uso. Essas substâncias podem ser lícitas e outras não, a saber: álcool, alucinógenos, cafeína, inalantes, estimulantes, maconha, opioides, sedativos, tabaco e outros.

As substâncias acima relacionadas ativam diretamente o sistema de recompensa cerebral, produzindo sensações de prazer, que podem ser tão intensas que os indivíduos cada vez mais anseiam pela substância e negligenciam as atividades normais para obtê-la e usá-la.

Os termos comuns “vício”, “abuso” e “dependência” muitas vezes são usados em relação ao uso de substâncias, mas esses termos são definidos de maneira muito vaga e variável para que sejam úteis no diagnóstico sistemático. Transtorno por uso de substâncias (TUS) é mais abrangente e tem menos conotações negativas.

Os transtornos por uso de substâncias (TUS) afetam médicos e, em especial, anestesiologistas, que lidam com substâncias psicoativas durante sua prática profissional.

Esse é um transtorno que está catalogado no capítulo 6 (Desordens mentais, comportamentais e do neurodesenvolvimento) da 11a edição da Classificação Internacional de Doenças – CID-11, da Organização Mundial da Saúde, sob o registro de “Desordens devido ao abuso de substâncias”.

A vulnerabilidade dos médicos ao TUS pode resultar de uma série de fatores, incluindo suas carreiras de alto estresse, fatores de personalidade (por exemplo, independência e dificuldade em buscar ajuda de outras pessoas), maior acesso e exposição a drogas psicoaditivas, tendência para se automedicar, e capacidade de ocultar com sucesso os sintomas e efeitos do uso de substâncias, dentre outros. Devido à natureza sensível de seu trabalho, e às graves possíveis consequências para os pacientes de um trabalho de um anestesiologista sob o uso de substâncias psicoativas, é imperativo que os médicos que sofrem de TUS sejam prontamente identificados e tratados adequadamente.

Muitos médicos que sofrem de TUS enfrentam sérias consequências de seu uso de substâncias e comportamentos relacionados, incluindo a perda potencial de seu emprego ou licença médica.

Ao contrário do “padrão de tratamento” para indivíduos com TUS na população em geral, os anestesiologistas normalmente entram em um sistema abrangente de gerenciamento de cuidados que produz os melhores resultados de longo prazo para esses distúrbios crônicos, comumente fatais.

O programa WE CARE - SAEB

O Programa WE CARE da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia é um braço do Programa WE CARE originalmente planejado e desenvolvido em 2020, pela Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo, na gestão de Dra Rita Rodrigues. Ele destina-se à detecção, avaliação, início de um possível tratamento e monitoramento de cuidados contínuos para anestesiologistas com transtornos por uso de substâncias.

Os médicos identificados como tendo TUS são encaminhados ao We Care para facilitar a avaliação formal e a avaliação das necessidades de tratamento. As referências podem vir de colegas, chefes de serviço, familiares ou referências próprias. Ao trabalhar com médicos que sofrem de TUS, os objetivos do Programa WE CARE são ajudar o médico a obter uma recuperação a longo prazo, manter sua carreira médica, proteger o público e manter a confiança do paciente em seus prestadores de cuidados de saúde.

Programas como o WE CARE podem ser extremamente bem-sucedidos. Um estudo com o Programa Americano denominado Physician Health Program (PHP) mostrou que 64% dos médicos concluíram seu contrato de cinco anos sem incidentes, 17% prorrogaram seus contratos além do período de monitoramento inicial (seja voluntariamente ou devido a requisitos de PHP) e apenas 19% não conseguiram concluir o contrato.1 No seguimento de cinco anos, 78% dos médicos estavam licenciados e trabalhando, 11% tiveram sua licença revogada, 4% haviam se aposentado, 4% morreram e 3% tinham status desconhecido.

Talvez o mais notável seja que, ao longo de cinco anos de monitoramento, 78% dos médicos nunca tiveram um único teste positivo para drogas ou álcool.2 Dos 22% dos médicos que recaíram com álcool ou drogas, dois terços tiveram apenas um teste positivo para drogas ou álcool.  

Mas o sucesso do tratamento resulta também de fatores pessoais, como inteligência elevada, recursos financeiros e apoio familiar.3

Dados mostram que os médicos com TUS que recebem tratamento e cuidados fora do modelo de gerenciamento e cuidados de um programa de assistência, como o PHP têm resultados muito menos bem-sucedidos, semelhantes aos observados entre o público em geral.

Mas é importante reconhecer que um dos problemas mais fundamentais inerentes ao tratamento do vício é que a grande maioria (95%) dos indivíduos com diagnóstico de TUS não percebem que eles têm um problema de saúde, e a maioria dos que reconhecem o problema não procura tratamento.4 Esse é um motivo pelo qual são tão necessárias as campanhas de incentivo à comunicação (por parte dos responsáveis pelos Centros de Ensino e Treinamento – CETs e também pelos gestores/coordenadores dos centros cirúrgicos de hospitais sem CET.

O tratamento do médico adicto depende da imediata (ou precoce) detecção do acometimento do profissional anestesiologista e de uma intervenção bem planejada e apoiada, com o apoio e o know-how de profissionais especialistas no tratamento da drogadição. Dessa forma, o tratamento perpassa por três instrumentos iniciais essenciais:

  1. Avaliação psiquiátrica ou psicológica completa do adicto, com avaliação de suas condições familiares e sociais;
  2. Orientação e psicoeducação dos familiares ou responsáveis pelo adicto;
  3. Testes laboratoriais para acompanhar e validar a abstinência

Referências

  1. McLellan AT, Skipper GE, Campbell MG, DuPont RL. Five-Year Outcomes in a Cohort Study of Physicians Treated for Substance Use Disorders in the United States. Brit Med J; 2008:a2038.
  2. DuPont RL, McLellan AT, White WL, Merlo L, Gold MS. Setting the Standard for Recovery: Physicians Health Programs Evaluation Review. Subst Abuse Treat; 2009:159.
  3. Merlo LJ, DuPont RL. Essential Components of Physician Health Program Participation: Perspectives of Participants Five Years Post-Graduation. Physician Health News (21st ed.): 2016.
  4. Results from the 2016 National Survey on Drug Use and Health: Detailed Tables. Substance abuse & Mental Health Serv Admin. 2016.

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